quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pague como puder

O número de inadimplentes não para de crescer neste período de crise. Pensando neles, o Ibedec lançou cartilha com medidas preventivas e orientações destinadas à quitação das dívidas
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Um a cada 10 brasileiros não consegue fechar as contas no fim do mês. E a crise, apesar de aumentar o número de endividados, pode ser a solução de muitos dos 18 milhões de pessoas que perdem o sono com os boletos vencidos que se acumulam no fundo na gaveta. A esperança é dada pelo Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec) que lançou, este ano, a cartilha - Edição Endividados. Foi a própria entidade que calculou o tamanho do exército dos brasileiros quebrados: 10% da população nacional.
A primeira constatação da cartilha do Ibedec é de que não vale a pena se desesperar. De acordo com a publicação, em momentos de crise econômica, como o atual, as chances de obter uma negociação são maiores, já que o dinheiro está escasso e as empresas preferem perder um pouco a deixar de receber. Os consumidores devem aproveitar a facilidade de negociação.
A partir de dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-DF), foi identificado que a maioria é dos sem dinheiro está na classe C, consumidores com faixa salarial de até cinco salários mínimos. Além disso, uma pesquisa do órgão mostrou que, em Brasília, houve um aumento de 50% de devedores com idade até 25 anos apesar dos campeões em dívidas terem idade entre 30 e 40 anos.
Segundo a CDL, cresceu também o número de brasilienses que tiveram seu nome inserido no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Em janeiro, eram 4,8% e, no mês passado, subiu para 5,2%. Em fevereiro, 131 mil 937 pessoas tiveram o nome incluído no SPC e 125 mil 416 pessoas foram excluídas do cadastro de inadimplentes.
Andressa Valadão, 24 anos, assistente administrativa, faz parte desse grupo de inadimplentes. O dinheiro que ganha por mês não é o suficiente para quitar as dívidas que acumulou há anos. Andressa ainda ressalta que sabe a importância de ter consciência sobre o controle de gastos, mas afirma que o comércio tem uma parcela de culpa nessa história. "Não consigo deixar de comprar e na hora de pagar é um sufoco, pois não tenho de onde tirar o dinheiro", diz, entre risos. "Acho que todos têm o direito à saúde, educação e diversão, mas o custo de vida em Brasília é muito alto e os devedores se tornam reféns das facilidades de crédito que o comércio oferece", desabafa.
Por dia, o Ibedec recebe mais de 100 reclamações de consumidores que questionam a cobrança pelas empresas. O instituto foi idealizado em junho de 2001 e fundado por um grupo de pessoas interessadas no desenvolvimento científico das relações de consumo visando contribuir para o aperfeiçoamento dessas relações. Com a catalogação dos últimos seis meses de reclamação a entidade elaborou a cartilha. "O principal foco é a prevenção, além da abordagem sobre como resolver os problemas e tirar dúvidas. Para o instituto, a saída é o país investir na educação financeira, onde o consumidor buscará informações para um consumo consciente", diz José Geraldo Tardin, presidente da organização.
A cartilha foi lançada formalmente no último dia 25 de fevereiro, no Serviço de Proteção e Defesa do Consumidor – Procon . Com o lançamento, o site do Ibedec chegou a receber 25 mil acessos . O documento está disponível no site: www.ibedec.org.br, na seção consumo/Cartilhas, já a versão impressa é distribuída gratuitamente na sede do instituto.
A secretária executiva Joana Cabral, 25 anos, sabe muito bem o que é ter dívidas; criou sozinha duas filhas com uma renda mensal de três salários mínimos. Soube da cartilha por meio da reportagem, achou muito válida a orientação de elaboração de contratos e cartas para acordos, principalmente a parte que enumera direitos em relação a serviços e produtos. "Precisamos de uma instituição séria para orientar as pessoas que buscam informações, muitas querem quitar as dívidas, mas não sabem por onde começar, acabam sofrendo abusos por parte do comércio, que coloca dificuldades na hora de negociar e resolver o problema. A cartilha é uma ótima idéia", elogia .
Serviço: IBEDEC, Quadra CLS 414, bl. C loja:27 Asa Sul
Informações.: 3345-2492
"Povo Fala"
Pergunta: Você sabe como negociar suas dívidas?
Erivelton Batista – Apoio Administrativo, 37 anos. Sim, tento negociar à vista para sair mais em conta, negocio do meu jeito mas com a cartilha vou me sentir mais orientado.
Alexandra Mariano – Motorista de transporte escolar, 36 anos. Sim, vou até local onde devo e busco informações da melhor forma para eu pagar tendo menos prejuízo.
Elias Amorim – Bartender , 25 anos, Não. Mas sabendo da existência da cartilha vou usá-la como um guia de bolso.
Por Aída Rodrigues

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