quinta-feira, 18 de junho de 2009

Um Quiosque diferente


Além de vender LPs, CDs e livros variados, o quiosque é um pólo de encontro cultural
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Quem anda pelo CONIC pode a qualquer momento topar com prateleiras expostas ao ar livre. Elas estão cheias de livros, dos mais variados assuntos. É possível encontrar dos mais antigos, aqueles que pensamos que nem existem mais, aos novos, que estão nas listas dos mais vendidos. Mas, não são apenas livros. LPs, CDs, VHS, gibis, também preenchem o espaço, batizado pelo dono, Ivan Presença, de Quiosque Cultural.
Há aproximadamente uma década, o quiosque transmite cultura para quem conhece, se envolve e aproveita da iniciativa. Ivan Presença, como consultor cultural, não pensou no quiosque como um simples sebo, um lugar que vende livros usados. Foi além. “Achei que seria interessante criar um pólo de encontros culturais com autores poetas no CONIC. Aqui vêm ministros, intelectuais, parlamentares, professores, faxineiros, funcionários públicos e funcionários privados”, conta Ivan.
Ivan, que trabalha com livros desde os 12 anos de idade, é a favor da leitura e explica a filosofia de um sebo. “Tenho como ponto de partida a democratização da leitura. É mais barato, mais em conta, o livro usado. A posição do sebo é democratizar o acesso ao livro em função da renda de cada pessoa”, destaca Ivan. Portanto os preços são baixos. Alguns dos materiais vendidos no Quiosque Cultural são doados, e outros, Ivan, compra ou troca.
Outra peculiaridade do sebo é encontrar livros, dentre outros objetos, que por serem antigos são raridade. A jovem, Débora Mynssen, que passava no local pela primeira vez, conta que ali acabara de achar um livro que procurou em vários lugares e até então não tinha encontrado.
Além disso, Débora, fala que a humildade do sebo é aconchegante. Ela destaca a diferença que é estar em uma livraria de shopping e estar ali. “Quando você entra em um sebo, parece que você está mais aberto à paixão pelo livro do que a comprar porquê alguém te induziu. Você não vai olhar o livro porque está na lista dos 10 melhores ou porque está numa prateleira iluminada escrito oferta. Você escolhe pelo livro. Apenas por ele, pelo conteúdo dele. Você paginou, ou então você se apaixonou pelo titulo e você quer saber o que o livro está querendo dizer”. Conclui dizendo que “livraria é um lugar que rotula livros e o sebo é um lugar que você conhece eles”.
Na visão do sociólogo, Rainero Xavier, “sebo é um ‘locus cultural’ que permite às pessoas, aos grupos, enfim, à sociedade, mergulhos e escavações no tempo passado para que possam compreender o presente e projetar o futuro”. Outro ponto importante, destacado por Xavier, é a capacidade de transformação de uma sociedade por meio da leitura e, o sebo, segundo ele, é utilizado também para isso. “Serve como fonte permanente de aperfeiçoamento dos valores humanos e, assim sendo, como uma bela contribuição à reconstrução de novos padrões culturais a favor de uma nova civilização”, detalha o sociólogo.
É sobre essa transformação que Ivan Presença comenta. “Esse papel que eu faço aqui muda muito as pessoas que não conhecem o que é livro, que não sabem o que é livro. Encosta, vê se tem um livro de um real, dois reais. Leva, vai lendo por aí e depois volta...‘oh gostei do livro que você me indicou tem outro?’. Aí vai fazendo individualmente o seu papel”. Assim, tem funcionado o Quiosque Cultural, do Ivan Presença, que convida a todos para a poesia de segunda. O evento acontece na segunda segunda-feira de cada mês.


Por Déborah Siqueira

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