quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mesmo com a lei seca, bares de Vicente Pires ganham vida

Bares do Vicente Pires se renovam depois da Lei Seca e conquistam a clientela que, por medo da fiscalização, prefere curtir o happy hour perto de casa e fugir do risco de ser multado
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Bares localizados em Vicente Pires não foram atingidos pela Lei Seca. Pelo contrário, a clientela só tem aumentado. Clientes que até pouco tempo faziam seu happy hour nos bares do Plano Piloto agora preferem beber sua cervejinha perto de casa e evitar problemas com o bafômetro. Para atrair esse público, alguns bares estão investindo no cardápio, na decoração e, principalmente, no atendimento.
Wesley Silva, proprietário da choperia Espaço XXI, inaugurada em dezembro de 2008, é um dos donos de bares que ficaram surpresos com a aceitação do público. “Investimos em decoração e atrações musicais para conquistar nossa clientela. Até pensamos em fazer divulgação em folders, mas não foi necessário. Os clientes chegaram porque viram que tínhamos aqui um espaço bonito, agradável e perto de casa que oferecia boa comida, cerveja gelada e música de qualidade.”
Fábio Costa, dono da Choperia Dom Rabuja, apostou em diversificação: “Passamos por uma grande reforma há pouco mais de um mês e abrimos, além da choperia, a pizzaria. Hoje recebo clientes daqui de perto que procuram um lugar famíliar para freqüentar.” Segundo Fábio, isso tem aumentado o movimento.
Os bares mais simples também perceberam uma maior procura de pessoas que moram nas redondezas. Francisco Donato, conhecido como Chicola, viu o movimento de seu bar cair um pouco nos primeiros meses da Lei Seca, mas logo depois percebeu um aumento de clientes de condomínios próximos ao bar: “Perdi alguns fregueses de Taguatinga e do Guará por causa da Lei Seca. Eles têm medo de passar pela EPTG e serem parados na Blitz, mas, em compensação, ganhei alguns clientes de condomínios perto daqui. No final das contas o movimento ficou o mesmo”.
Severino Ramos, proprietário de um bar que fica junto a um lava-jato, também não viu diferença nenhuma depois da Lei Seca. “Perdi alguns clientes, mas ganhei outros que preferem beber perto de casa. A Lei Seca não atingiu o meu negócio. O movimento não mudou nada.”
Não existem números oficiais sobre o aumento da quantidade de bares na região do Vicente Pires. A Associação de Moradores do Vicente Pires – Arvips - foi procurada e alega que esses dados não existem porque a região ainda está em processo de regularização, mas os moradores notam a diferença entre o Vicente Pires de ontem e o de hoje. Robson Siqueira, estudante, afirma que diariamente surgem opções para todos os gostos: “Não preciso mais ir ao Plano ou à Taguatinga para ouvir uma boa música. Fico aqui por perto mesmo. É mais tranquilo.”
Para os freqüentadores dos bares, degustar uma cerveja perto de casa evita aborrecimentos. A bancária Carina Paduan já frequentava os bares do Vicente Pires antes da Lei Seca e vê com bons olhos a diversificação da oferta de lugares para ir perto de onde mora: “Aqui eu venho sossegada. Além de curtir uma boa música e encontrar os amigos, estou perto de casa e bebendo sem ter que me preocupar em como vou voltar”. Ela só reclama que o preço aumentou, porém não se importa: “prefiro pagar um pouco mais caro que antes e não ter problemas com a Lei”.
Se antes faltavam opções de bares bonitos e bem freqüentados na região, agora se vê brotar do dia para a noite opções boas para levar a família e paquerar. A clientela agradece, os donos dos bares também, e, no final, todos saem ganhando com menos pessoas dirigindo após beber. O slogan ainda vale, mas poderia muito bem ser adaptado, ao invés de “se beber, não dirija”, poderia ser “se beber, deixe o carro em casa e beba por perto”. Afinal, beber e não dirigir não é só uma questão de respeito à Lei, mas de respeito à vida.

Por Marise Aragão

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