quarta-feira, 17 de junho de 2009

TV Comunitária: A rebeldia no cabo

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A busca de novas linguagens e tecnologias para os meios de comunicação, especialmente na telinha da TV, vem recebendo um forte aliado em Brasília. Trata-se da TV Comunitária de Brasília - canal 8 na NET e na web: http://www.tvcomunitariadf.com.br/, e que tem ajudado muito aos estudantes de jornalismo abrindo suas portas para a criação e apresentação de programas que fogem ao padrão das TVs comerciais.
É o que explica o jornalista Paulo Miranda que está à frente das atividades do projeto desde 13 de agosto de 1997, veiculando vídeos e documentários de instituições sociais, estudantis, culturais; programas e documentários de produtores independentes; programas próprios editados sobre o sindicalismo e eventos artísticos, especialmente shows musicais.
Além disso, nas tardes das sextas-feiras, a emissora oferece o chamado acesso público, com transmissões ao vivo para quem quer fazer-se vê na TV com temas variados, entre os quais, latinidade, lançamento de livro, agroenergia, reforma agrária, divisão de riqueza, conferência nacional de comunicação e análise crítica da mídia.
TV a cabo
“É uma programação comunitária de qualidade, mas restrita ao cabo, para quem pode pagar assinatura de tv a cabo”, explica Paulo Miranda. E continua informado que o canal é assistido por mais de cem mil telespectadores no DF e mais um tanto pessoas pelas cidades vizinhas aonde o sinal consegue chegar.
Enaltece que o canal de TV é fruto da luta pela democratização da comunicação. É também consequência de canais possibilitados pelas novas tecnologias, no caso a fibra ótica. Por esse meio físico estruturado no país, a partir da lei 8.977, de 6 de janeiro de 1995, foram garantidos canais para o Senado, a Câmara, o Judiciário, as assembléias legislativas, as universidades e para as organizações da sociedade, que se expressam hoje pelas TVs Comunitárias.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF, Romário Schettino, afirmou que a TV Comunitária de Brasília na TV a cabo, foi uma conquista da sociedade brasileira. ”O Sindicato ajudou nessa formulação legal e nos orgulhamos disso. Houve gente que não entendeu à importância desse canal, ainda que na TV paga”. Reforçou que o próximo passo do Sindicato será o de torná-la aberta via TV digital e que estão trabalhando numa nova legislação.
Programação Alternativa
Outro ponto alto e que muito orgulha ao fundador da TV Comunitária, Paulo Miranda, é a programação, pois é considerada por ele uma salada social, uma mistura de questões locais com as nacionais, por meio da Legião Brasileira da Boa Vontade, LBV, da TV Paraná Educativa e com as internacionais a partir da Telesur, um canal multiestatal que noticia as Américas, com sucursal em Brasília, e aporte financeiro da Venezuela, Cuba, Uruguai, Argentina, Bolívia e Equador e apoio da TV Brasil.
Para a professora e bailarina Christiane Lapa, assídua telespectadora, ao mesmo tempo que agradece por não “estar assistindo a mesmice e a chatice de programas enlatados feitos para vender de tudo e alienar”, teve a grata surpresa de ter assistido um dos espetáculos da sua companhia de dança, Alaya. “É muito bom e importante para a dança do DF ter canais de TV que valorizem os artistas locais, dando transparência e divulgação”.
Ressalta que são muito bons os programas latino-americanos e vários brasileiros, principalmente os de arte, jornalismo e programas com artistas de qualidade e que a grande mídia parece desconhecê-los. Também faz menção a projeção de espetáculos sobre o folclore brasileiro.
Fundo Nacional de Apoio às Rádios e TVs Comunitárias
Romário Schettino disse que é necessário a criação de um Fundo Nacional de Apoio às Rádios e TVs Comunitárias para garantir a sustentabilidade desses veículos sem que tenham necessidades de recorrer aos anúncios publicitários. Ele esclarece que o Fundo vai servir para capacitar os comunicadores comunitários tecnicamente e reequipar as emissoras com transmissores mais modernos, computadores, e, finalmente, permitir que todos possam entrar na era digital.
Disse no final da entrevista que só haverá democracia no Brasil quando houver democratização dos meios de comunicação. “Comunicação é um direito de todo cidadão, não apenas de alguns proprietários ricos e elitizados."
Paulo Miranda, por sua vez, fez questão de enaltecer exemplificando que a luta por uma política de mídia comunitária para o Brasil, poderá ter como parâmetro os modelos dos Estados Unidos e do Canadá. “Nesses países, os canais comunitários são escolas de mídia comunitária e pólos culturais. Nós queremos o mesmo para nós, com uma produção bidirecional”.

Por Robson Silva

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